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domingo, 4 de janeiro de 2009

A difícil luta contra a desnutrição

Informativo MSF 22
A difícil luta contra a desnutrição

Causada pela falta de ingestão de nutrientes, a desnutrição provoca a morte de cerca de cinco milhões de crianças com menos de cinco anos anualmente em todo o mundo. Em algumas áreas – como no Chifre da África, o Sahel e Sul da Ásia – o problema é freqüente entre a população infantil. Somente em 2006, MSF manteve programas de alimentação em 99 países, por onde passaram cerca de 150 mil crianças, para tentar reverter esse triste cenário. A tarefa nunca é fácil.

Para decidir implementar uma intervenção nutricional de emergência é necessário que o índice de desnutrição ultrapasse 3% entre o total da população infantil com menos de cinco anos. Para medi-lo existem três métodos: pelos indicadores de peso e altura de uma referida população, pela medição da circunferência do braço (MUAC) ou pela presença de edemas nas faces ou pés. “Quando a quantidade de músculo é muito pequena, a marcação no MUAC fica no vermelho, indicando necessidade de ajuda urgente e risco de morte”, explica o médico brasileiro David Oliveira, que atuou na mais recente intervenção de emergência nutricional de MSF na Etiópia.

Uma vez atestada a situação de emergência alimentar, é hora de entrar em ação. Como a desnutrição aguda severa tem duas principais formas – o desgaste severo e o edema nutricional (chamado de kwashiorkor) –, é necessário fazer uma análise clínica para determinar se o tratamento será feito no hospital ou com alimentos nutricionais especiais em casa.

Para atender as crianças que sofrem de desnutrição grave ou que sofrem de complicações derivadas desse estado são montados Centros de Estabilização. “Nessas unidades ficam os pacientes mais graves, muitos dos quais tão fracos que mal conseguem se alimentar. Dar alimentos normais para eles seria um risco. Na desnutrição grave, o corpo perde a capacidade de absorver e metabolizar nutrientes e fica muito mais suscetível a infecções”, explica Oliveira.

O tratamento nos Centros de Estabilização é dividido em três fases. Na primeira, os pacientes alimentam-se exclusivamente do leite chamado F75, que contém nutrientes para que as crianças possam recuperar gradativamente sua condição física. Em um segundo momento, eles passam a receber um leite um pouco mais enriquecido, chamado F100. No último estágio, além do leite, são alimentados com uma pasta de amendoim rica em nutrientes, chamada plumpynut, que continuará a ser usada quando forem para casa até que cheguem a um peso considerado seguro.

Além das crianças em estado mais grave, MSF também possui clínicas para os pacientes com desnutrição grave aguda, mas que ainda têm força para se alimentar. “Chamadas de OTPs, essas unidades não têm internação. O paciente chega, recebe o alimento e volta para casa. Mas retorna semanalmente para poder ser acompanhado pelo médico”, conta o brasileiro.

MSF mantém ainda Centros de Alimentação Suplementar para atender as crianças com desnutrição moderada. “Neles, os pacientes recebem alimentos ricos em nutrientes prontos para uso, chamados em inglês de RUF. Além disso, como ocorre nas OTPs, a família recebe uma cota de alimentos para evitar que outros integrantes também fiquem desnutridos”, explica o médico.

Tanto trabalho só termina quando o índice de desnutrição torna a ficar abaixo dos 3%. A recompensa é visível no rosto dos pacientes. “A criança desnutrida tem uma cara de velhinho, não sorri. Algumas têm a cara inchada e até deformada pelo edema. No caso das crianças, o rostinho muda tanto que até parece que a mãe entrou com um filho e saiu com outro”, diz Oliveira.


Um comentário:

Anônimo disse...

Podemos fazer a diferença se cada um fazer a sua parte.